segunda-feira, 26 de setembro de 2016

VITÓRIA ABENÇOADA


Flamengo jogou mal, muito mal.

Estava escrito, é clichê rubro-negro demais. Quantas e quantas vezes já não nos empolgamos com o Flamengo, enchemos estádios e ele jogou mal e nos decepcionou? Muitas né? Hoje o roteiro seguia essa previsibilidade.

Mas acabou diferente. O Flamengo de 2016 é diferente.

Algumas vezes vi o Flamengo com times ruins e alma, vi isso nos títulos cariocas de 1999, 2000, 2007 e as Copas do Brasil de 2006 e 2013. Algumas vezes vi grandes elencos do Flamengo sem alma, vi em 1995 e os brasileiros de 2000 e 2011. Grandes elencos e com alma vou lhes dizer desde quando não vejo.

Desde que vi um certo camisa 10 tomando infiltrações para poder disputar reta final de brasileiro, um certo camisa 7 dar uma arrancada monumental no Mineirão contra um grande Atlético e só parar no fundo da rede, desde que numa maravilhosa troca de bolas um certo camisa 9 baiano fez gol de título brasileiro em cima do Inter. Sim, falo do Flamengo de 1987. O último grande elenco rubro-negro com alma que vi. Num título que as pessoas pequenas teimam em dizer que não vencemos.

Não quero comparar esse elenco com o de 1987. Esse ganhou nada ainda, mas nos devolveu um orgulho que muito tempo não tínhamos. Elenco bom de bola, de talento e coração que não desiste nunca. Que orgulho!!

Como eu disse jogou muito mal. Fez bons trinta minutos iniciais e se deixou envolver pelo Cruzeiro que cresceu perigosamente na partida equilibrando o fim do primeiro tempo. O jogo continuou equilibrado no começo do segundo até que Zé Ricardo tirou Marcio Araujo e botou Mancuello. Zé não tem medo de vencer e isso é muito Flamengo, mas com isso o time se expôs, se perdeu e o Cruzeiro abriu o placar um pouco depois da entrada de Fernandinho.

O Flamengo se perdeu completamente com o gol e se desesperou partindo para o ataque. O Cruzeiro dominava as ações, dava olé e ficava próximo do segundo gol. Alan Patrick entrou e mesmo de forma desordenada o time buscou o empate até que ele veio aos 39 com Guerrero.

A partir daí o jogo ficou uma loucura. Era um empate caído do céu, para agradecer, mas o Flamengo não se deu por satisfeito. Continuou no ataque, se expôs e o Cruzeiro perdeu dois gols feitos com Ábila. No primeiro em uma defesa sensacional de Muralha.

Até que aos 43 um toque, apenas um toque na bola decidiu tudo. Federico Mancuello, um dos nomes que sintetiza o talento e a alma desse time com um toque na bola colocou o Flamengo na frente, fez Cariacica explodir, o elenco todo se abraçar, titulares, reservas, mostrando que esse é um elenco de amigos, de homens.

Grandes campanhas são feitas assim. Nem sempre dá para vencer com show e Zico dizia que aquele fantástico time de 81 quando sentia que não era dia de talento se olhava e falava "hoje tem que ser na raça". A sorte não vem por acaso e só acompanha quem merece. Esse elenco merece demais.

Não tem nada ganho, apenas nosso orgulho que o clube conquistou de volta. Uma vitória abençoada como disse o comentarista Álvaro Oliveira Filho na Rádio Globo. Melhor definição impossível.


E esse cheirinho hein?


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